quarta-feira, setembro 14, 2011

Mãaaaãe.



-Mãe! Acho que eu consigo parar de fumar maconha um dia.

Sua mãe ficou surpresa - sim, sabia que ele fumava maconha mas, mais do que isso, já haviam conversado várias vezes sobre a necessidade ou não do hábito, que terminava sempre com o consenso de supérfluo e, completava o filho, como tudo na vida.
Então, por que não?
De tal forma que aquela afirmação acabou por supreende-la. Sabendo que havia muita coisa ali fez-lhe a pergunta: Por que filho?

-Mãe, eu sou um cara que gosta das coisas, sabe?! Das coisas, essas coisas de ficar olhando, de ver passar, de ouvir uma musica, falar com alguém. Sou meio simples nos meus prazeres. E esses prazeres me fazem muito feliz, eu me considero uma pessoa feliz. Mesmo que as pessoas enxergem em mim essa carapaça durona, eu mesmo, pra mim, sou um homem feliz. E é legal isso. É gostoso.

E o bacana é que quando eu fumo, tudo isso que eu gosto e me dá prazer, ganha volumes, profundidades e texturas. É incrível.

Incrível. A perscepção da sensualidade das coisas. De como a vida é sensual, de que tudo nela é.
Além do corpo e da forma das coisas é possível sentir todos os volumes, se encantar pelas tantas formas, sentir toda a textura de prazer que encobre a vida inteira. Vislumbro a beleza perfeita: a forma bela em todo seu volume, profunda e encoberta de um toque sutil que dá sentido a toda ela.
Mais que apenas sensível, se percebe a vida sensual, prazerosa.

E ter entendido isso, mãe, faz com que a vida se reconfigure. Essa compreensão se expalha pelos dias, aumenta cada vez mais. Eu acho que você estava certa, que no final a gente não precisa de nada mesmo para entender a vida. Entende ela por que a vive.

-É filho, eu te disse!

-Eu sei mãe. Hum... mas não é possível né, você acerta por sorte!

-Você é que não dá o braço a torcer de que sua mãe é boa! Hahahaha...

-É, talvez, mas eu ainda não cheguei no final! Hahahahahaha...


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