quinta-feira, agosto 09, 2012

Decapitação.


Em meio a névoa um dia tentei escrever. Mas a mesma névoa que trouxe a tempestade a ser controlada em escrita a precipitou em um rio de margens indefiníveis. Hoje, no entanto, é garoa fina. Apenas assim para que eu possa permanecer sob ela sem inundar e afogar.

Até mesmo em meu próprio sangue. Pois quando chegaste, não pensara duas vezes em rasgar meu pescoço e levar minha cabeça. Me tiraste tudo e não deixara nada no lugar. Tu, tão bela. Sem escrúpulos algum me decapitas-te.

E antes da beleza do meu corpo, que pretendeu se exibir todo a você, esvair, no momento da separação em duas partes que nunca mais poderiam voltar a ser como antes, só então eu me desesperei ao pensar se não era você apenas o canto da sereia ou uma incrível fantasia que eu nunca mais voltaria a ver.

Antes que eu pudesse saber vi você partir e deixar as marcas de seus pés em meu sangue. Então meus olhos fecharam.

"Voraz e derradeira,
Consumiu minhas folhas à sua maneira,
Restaram meus espinhos e folhagens secas."


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