quinta-feira, setembro 16, 2010

Mexican dream.


Se não fosse pela pequena faixa de terra aos seus pés ele pensaria estar voando. Havia um alto planalto atrás dele, extenso e elevado como a mesa dos deuses. As suas costas uma garota o abraçava, cabelos negros cortados curtos e pele branca, passara seus braços por baixo dos dele e o puxara pelos ombros. Encostara sua cabeça em seu ombro direito e permanecia de olhos fechados. Ele observava o pôr-do-sol e toda a planície que se descortinava a sua frente, tudo tão imenso, amplo, que parecia não ter fim. O próprio sol era maior do que tudo que já havia visto e só cabia naquela paisagem por que ela com certeza era infinita.

Tempo não havia, na terra dos sonhos não havia espaço para ele. E assim eles permaneceram demoradamente.

As planícies que se estendia eram multicoloridas, em alguns lugares douradas, em outras arenosas, com cactos e arbustos, rochas e pedras soltas e em outros lugares gramados. Tudo incrível e a cada momento que se olhava parecia ter mudado magicamente. Um encantamento cobria tudo através dos difusos raios solares do crepúsculo, deixava as cores mais vivas e móveis, flutuando frente aos olhos.

Em algum momento ele sentiu um sorriso, parecia um abraço líquido que escorria por suas costas. Ela abrira os olhos e sorria delicadamente. Quando se virou para vê-la já não estava mais lá. Como o vento ela descia a encosta que partia dos seus pés até a planície abaixo, correndo e saltando ladeira abaixo. Uma descida íngreme de terra vermelha que não o fez pensar outra coisa senão que era fatalmente perigosa. Instantaneamente venceu seu medo e se precipitou atrás dela, a viu olhar para trás, direto em seus olhos, e entendeu que não havia perigo. Ela continuava sorrindo enquanto descia desabaladamente aquele barranco e se podiam ouvir seus risos deixados para trás ao vento. Por mais que tentasse não conseguia alcançá-la e percebia que ela se divertia fugindo dele. Quando chegou a planície continuou a correr, ia e vinha em retas, quebras e círculos, dançando de olhos fechados era como uma fada naquela paisagem. Os dois riam, se divertiam com a brincadeira. Ela não se entregava a sua perseguição e ele não desistia de alcançá-la e assim percorreram toda aquela infinitude de paisagens.

Em algum momento daquele jogo e dança ele se aproximou dela, dançando como estava não o viu chegar. Na verdade ele sentia que ela já não se importava mais em fugir. Calmamente caminhou em sua direção fazendo de cada passo sua dança, havia apenas corrido até então, agora desfrutava da calma que ela tinha ao dançar em círculos. Segurou sua mão e a tomou para dançar, lentamente ia contendo seus movimentos. Estavam exatamente no meio daquelas infinitas paisagens e todas elas pareciam se voltar apenas neles naquele momento. Puxou-a para si e a abraçou carinhosamente, ela derretia em seus braços, flutuava como fada que era dançando ao ar livre. Uma leve brisa passou e ele pensou escutar o farfalhar de asas. Talvez as dela.

Ela respirou fundo e suspirou. Sem hesitar a beijou, ela retribuiu o afeto apertando-o contra seu corpo em um abraço quente e apertado. Definitivamente havia deixado de fugir.

O sol voltou a se movimentar e desceu rumo à escuridão, cumprindo seu destino de se pôr no horizonte distante. Lançou seus últimos raios quentes sobre os dois lhes dando tanto conforto que ali permaneceram. Em uma terra distante dali aqueles raios entraram pela fresta de uma janela, acordando um homem que dormia sorridente.

3 comentários:

  1. Pin, é terrivelmente lindo, absurdamente poético, magnificamente contagioso!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
    Eu já te amava quando era só um menino! Agora que é poeta e que anda pelas doces e etéreas paragens de terras distantes minha admiração não tem nem qualificação!!!!!!!!!

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  2. "Puxou-a para si e a abraçou carinhosamente, ela derretia em seus braços". Achei lindo isso.
    Apesar de não ser seu blog, gostei do texto..

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