Ele sabia: ela gostava dele. E também entendia que não havia motivo para isso. Desde que ele se lembra nunca fora nada especial, e tão pouco se lembrava de ter feito algo que valesse tamanho carinho. Ele mal se lembrava quanto haviam se tornado amigos de verdade, tudo parecia a ele que já existia, não havia ao certo um começo mesmo havendo um tempo passado em que ela não esteve lá. Na verdade ele nunca conseguia pensar nisso por muito tempo, lhe causava enfado. Não havia importância pensar a respeito. Ela gostava dele, ele sorria por saber disso. A falta de motivo era para ele a grande graça, simplesmente aceitava.
Ela por muitas vezes o enchia de elogios, dos maiores aos menores. Sem por quês. Falava bem dele para as amigas e amigos, como se ele fosse alguém que valia a pena ser conhecido. Muitos deles e delas ele conheceu e ficou assustado com a imagem que tinham dele, ele sabia que era uma grande mentira mas ficava feliz por ter alguém que mentisse tão bem sobre ele. Tudo isso compunha um quadro de uma grande admiração mútua, por que o mesmo partia dele. Talvez ele falasse menos, com menos pessoas ao certo, mas só por que ele era patologicamente distante da maioria das pessoas. Tanto quanto era patologicamente próximo de algumas.
Ela muitas vezes ligava para ele, mandava alguns emails e musicas e fotos. Cuidava dele e muito se preocupava. E, muito mais do que ela gostava, bebia com ele. Ele era um intragável ostracista e ela uma bela e sociável mulher, gostava de lugares movimentados e tinha um bom coração para conhecer pessoas, mais do que para receber cantadas e ter admiradores, ela realmente gostava de conhecer pessoas. Mas permanecia ao lado dele em noites frias, sozinhos em bares e botecos, bebendo. Nunca conheciam ninguém e se alguém lhes acenava um sorriso encontrava lado ao lado ela com sua disposição para pessoas e ele com todo o seu desprezo. Discordavam em completo um do outro nesse sentido. Ele realmente gostava de manter qualquer um bem longe. Ela via graça nisso e bebia com ele, por vezes até fumavam juntos, e parecia que nisso eles se entendiam. Compartilhavam um com o outro seus prazeres, daí beberem tanto e fumarem um pouco. Daí sempre haver música entre os dois, em assuntos ou alto-falantes, mesmo que não concordassem quanto aos gostos ou estilos.
Eram como namorados sem que namorassem, no que saiam na frente de muitos relacionamentos. Ela mantinha a distância mais claramente e ele não se importava, brincava com a situação, ora mais brincadeira ora menos. Simplesmente pouco ligava pelo quer que fosse e fazia disso uma declaração, no que havia de muita verdade, e também uma grande brincadeira autodestrutiva, o tipo que ele mais gostava. Mas ele contava com a compreensão dela; sabiam eles que por meios diferentes diziam as mesmas coisas. Isso a mantinha por perto e isto bastava a ele.
Assim continuavam a beberem e a chorarem juntos e, ainda mais que os dois, a rirem juntos. Coisas que faziam mais e melhor quanto mais tardava a noite e se aproximava o dia e quanto mais se assomava a conta no caixa.
Tears... =*
ResponderExcluir"da confusão (de sentimentos) se faz a força(?)"
ResponderExcluirPô fera, parabéns. Que texto lindo.
ResponderExcluirEspero que sim Sanchito, do contrario to fodido! É tanta confusão que eu já nem sei mais.
ResponderExcluirMuito obrigado Velhote!!!
http://28.media.tumblr.com/tumblr_kro3g4uF9Z1qzndo8o1_400.jpg
ResponderExcluirSo here I go still scratching around in the same old hole
My body feels young but my mind if very old
So what do you say?
You can't give me the dreams that are mine anyway
You're half the world away
Half the world away
Half the world away
I've been lost I've been found but I don't feel down
No I don't feel down
I don't feel down
Parabéns. No meu dicionário isso se chama sentimento incondicional. Amor, amizade, afeto, tanto faz o nome que se dê. É incondicional.
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